O caro e o barato
- Details
- Categoria: desmistificando
Talvez você já tenha pensado sobre isso... Como podem existir vinhos de menos de 20 reais, e vinhos que custam “alguns mil” reais? O que diferencia, realmente, um vinho econômico, de um médio, um premium, ou até um inatingível?
De fato, é perfeitamente possível acreditar que um vinho de 100 reais seja “duas vezes” melhor que um de 50. Ok. Mas é óbvio que um vinho de 5.000 reais não é 100 vezes melhor que um vinho de 50 reais, certo? Certo.
Em primeiro lugar, é preciso entender que existem, nessa história, fatores objetivos e outros nem tanto. Os subjetivos dizem respeito ao posicionamento das marcas, e até mesmo à mística que envolve produtos de alto luxo, sejam ou não vinhos. Então, concentremo-nos nos fatores objetivos que podem justificar diferenças de preços entre vinhos!
O que faz um vinho ser barato?
O vinho mais econômico possível, de maior apelo comercial, é elaborado a partir de cepas e vinhedos que possibilitam grandes rendimentos. As vinhas são preparadas de maneira que produzam grande quantidade de cachos por planta, e os vinhedos são plantados com alta densidade por hectare.
Não são realizadas podas, nem de folhas, nem de cachos. A colheita é realizada mecanicamente, sem que seja feita uma seleção de cachos no vinhedo, de acordo com o grau de maturidade das frutas.
Ao chegar à vinícola, dedica-se pouco tempo ao processo de maceração das uvas, geralmente realizado a altas temperaturas, e a fermentação ocorre de maneira industrial. Durante o processo de vinificação, são realizadas correções de acidez com coadjuvantes como ácido ascórbico ou vitamina C, por exemplo. Também costumam ocorrer processos de clarificação, estabilização e filtração.
Os vinhos resultantes deste processo não costumam ter nenhum tipo de envelhecimento. Em uma degustação, perceberíamos nesses vinhos tons pálidos de vermelho, algumas vezes transparentes, com menos brilho e pouca limpidez. Perceberíamos também aromas de frutas variadas, mas não tão marcantes e pouco persistentes. Na boca talvez lhes faltem estrutura e equilíbrio, pecando em acidez, doçura ou adstringência.
O que faz um vinho ser caro?
Conforme vamos subindo na escala de preços dos vinhos, a tendência é que encontremos vinhedos com menores rendimentos, mas com mais qualidade. Nesses casos, as vinhas são cuidadas de maneira que produzam poucos cachos por planta, alcançando altas concentrações de compostos. Existem casos em que a taxa de rendimento chega a ser de apenas uma garrafa a cada planta!
O ciclo de vida do vinhedo, ao longo do ano, é extremamente observado, realizando todos os procedimentos necessários de poda. As doenças são prevenidas e tratadas com cuidado extremo.
A colheita é realizada de maneira manual, e em diferentes momentos, para que cada fruta seja colhida no seu ponto ideal de maturidade. As uvas são transportadas, cuidadosamente e aos poucos, para não que não fiquem tempo demais expostas ao Sol.
Ao chegarem à vinícola, as uvas são novamente selecionadas, sendo prensadas suavemente, e, em geral, a frio. Todo o processo de vinificação ocorre da maneira mais natural possível, e os vinhos só são disponibilizados após o período de envelhecimento ideal para cada um, seja em carvalho, tanques de aço inox ou na própria garrafa.
Todo esse cuidado fica nítido ao percebermos, nesses vinhos, cores mais intensas, tons variados, profundos, densos e muito límpidos. Percebemos, também, a complexidade de aromas e a maneira como se alteram enquanto o vinho respira. São vinhos equilibrados, encorpados e estruturados, com final persistente na boca.
Entre esses extremos, é claro, encontramos de tudo. Encontramos vinhos para todos os gostos e bolsos. Encontramos, inclusive, vinhos geniais a preços bem convidativos.
Seguir @tintosetantos Tweetar